Apagão alvinegro

Afinal de contas, um jogo de futebol tem 45 ou 90 minutos? Acredito que a resposta seja a segunda alternativa. Mas parece terem esquecido de avisar isso na Cidade do Galo. Pelo menos nas últimas três partidas, o time do Galo "jogou" apenas um tempo. A queda de produção nos 45 minutos finais é impressionante, especialmente quando o resultado termina favorável no primeiro tempo. O ímpeto atleticano no início tem sido muito bom, a equipe realmente começa indo para cima do adversário, muitas vezes obtendo sucesso. Mas a ideía que está sendo passada ao torcedor é de que após o resultado construído a equipe recua. Vimos um Galo poderosíssimo contra o América na primeira partida das quartas de final. Após estar perdendo por 2 a 0, virou em 15 minutos para 3 a 2 com três gols de um único jogador. No segundo tempo, atuação discretíssima da equipe, pouco ofensiva e o Coelho acabou chegando ao empate. Na partida de volta, contra o mesmo América, o filme inverte. O Galo abre 2 a 0 com tranquilidade e parece ter a classificação nas mãos. Nada disso. A equipe fica completamente dispersa, mais uma vez inofensiva e muito recuada. Nas semifinais, Democrata no Ipatingão. Com menos de 15 minutos o Galo já vencia por 1 a 0 e dominava o jogo. Pouco tempo depois saiu mais um gol que deu tranquilidade ao time. O ataque atleticano perdeu um carrilhão de gols que poderiam ter garantido a classificação, fazendo quatro ou cinco. Sem êxito nas finalizações, a equipe voltou ao segundo tempo vencendo por 2 a 0. Mais uma vez: apagão geral. Jogadores excessivamente defensivos, arriscando-se pouco ao ataque, errando passes. O Democrata, com um volume de jogo absurdamente maior, consegue descontar o placar. Inicia-se uma pressão intensa para cima do Galo, que conseguiu confirmar a vitória. Tudo podia ser mais fácil, vencendo por dois gols de diferença o alvinegro da capital teria praticamente despachado a Pantera de Governador Valadares, mas a falta de energia no segundo tempo permitiu ao Democrata um pingo de esperança: vencer o Galo no Mineirão por um gol de diferença. Diga-se de passagem, não vai ser jogo fácil.

Fernando H. B. Osório

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